segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Fuga

Ultimamente fujo de algumas coisas. E textos me lembram coisas de mais.
Portanto larguei minha caderneta em casa e não carrego mais nenhuma caneta na bolsa.
Passei a ter medo de me despir diante dos textos, como sempre fiz. A cada linha que costumava escrever eu expunha o mais profundo de mim. Deixava que todos lessem cada pequeno segredo, cada impressão sobre todas as coisas, cada pensamento tolo...
Li hoje os textos que nunca publiquei. E percebi que, mesmo achando que era impossível, me despi ainda mais. Como se eu andasse nua no meio do centro da cidade, para que todos vissem cada um dos meus defeitos. Mas um pouco de vergonha na cara eu mantive.
E escrever funciona como um espelho que mostra tudo o que não gostaríamos de ver, mas que é tudo tão real que incomoda. E quando eu acho que algumas coisas se foram, é como se o papel extraísse tudo o que eu não quero pensar. Mas que está ali, escondido, esperando para aparecer e derramar palavra atrás de palavra. E me fazer ter certeza de que eu não esqueci de nada. Nada.
Então eu fujo. Deixo a caneta em qualquer lugar que eu esqueça, largo o caderno em casa e desligo o computador.