sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Um desses quadros


Há algum tempo escrevi sobre amores que me possibilitassem, ao término, apenas mudar um quadro na parede e não promover uma inteira mudança de casa. Não sofrer tudo aquilo, mas sim sofrer o que seria o suficiente. Ter sempre os pés no chão.

Posso dizer que o nosso amor foi um desses. Ou seria, se tivéssemos chego ao ponto do amor.

Mas ao invés de tirar o quadro da parede e tê-lo feito sumir dos meus olhos, apenas troquei de parede. Coloquei-o em um cômodo que visito pouco. E quando passo por ele lembro como ele ficava bem na parede antiga. Penso, na verdade, que ele ficaria melhor ainda na parede principal da sala ou na cabeceira da minha cama.

Porém pessoas têm dom de dizer coisas que nem sempre pensam ou medo de assumir o que realmente sentem. Estas acabam por fraquejar, trocar os pés pelas mãos, não sendo forte o suficiente para colocar um quadro em uma parede de destaque, seja qual parede for.

E sinto falta do que poderia ter sido se tivesse sido coerente e corajosa. Ter feito dessa história uma gravura que colocaria lindamente na parede de entrada da sala. Ficaria bom, certamente.

E essa esse papo de quadro não fizer sentido nenhum, lembre apenas da nossa última conversa de bar. Você disse que era burro de não estar comigo e hoje eu digo que fui burra de ter deixado você ir pra longe.

*A ilustração deste post é a obra Amendoeiro em Flor do Van Gogh