terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Músicas do meu 2009

Nunca tive o hábito de fazer listas. Mas, movida pelo espírito de fim de ano e pela música se fazer presente em tudo na minha vida, resolvi fazer o Top 10 das músicas que fizeram parte do meu 2009. Adianto que boa parte delas não foi lançada neste ano, mas explico que música para mim é algo atemporal. Não envelhece e não perde a graça, por mais que o tempo passe.

Vamos lá!

#10 Supermassive Black Hole – Muse
Conheci Muse em 2009 e, por causa dessa música, acabei ouvindo exaustivamente o álbum Black Holes And Revelations.

#9 You Can’t Always Get What You Want – Rolling Stones
You can’t always get what you want está no meu Top 10 simplesmente porque ela estará em qualquer lista que eu faça sobre música.

#8 High and Dry – versão do Jorge Drexler
Pelo violão do começo eu elegi essa música como meu despertador. Faz seis meses que eu a escuto todos os dias. E não enjôo.

#7 Monkey Wrench – Foo Fighters
Porque Foo Fighters é Foo Fighters.

#6 Warwick Avenue – Duffy
Uma música de menininha faz parte, não?

#5 How to Hang a Warhol - Little Joy
Descobri Little Joy em 2009 e me apaixonei. Simples assim.

#4 Grains de Beauté – Céu
Se eu tivesse a voz da Céu eu ficaria bem feliz! E, além disso, me identifico com essa música!

#3 Rock’n Roll Train – AC/DC
Por que foi um dos melhores shows da minha vida! Rock'n Roll!

#2 Use Somebody – Kings Of Leon
Dizem por ai que Kings of Leon é a banda do ano! Quem sou eu para discordar!

#1 Esconderijo – Ana Cañas (versão ao vivo)
Eu morri quando ela cantou bem pertinho de mim Love Me Tender e em seguida Esconderijo. Por um momento que eu nem consigo explicar, de tão lindo, essa é minha música número 1 de 2009.

domingo, 29 de novembro de 2009

Uma despedida

Que bom que você chegou. Estava mesmo precisando falar com você. Fiz as suas malas... Eu explico. Senta, por favor. É sério... preciso te falar várias coisas. Fiz suas malas para tornar tudo mais fácil. Me deixa falar, depois, se você ainda quiser você toma seu café e assiste ao jornal.

Quero que você vá embora.

Bem... não exatamente isso, quero que você fique na verdade, mas quero que você fique se quiser ficar. Faz tempo que você está aqui, mas...

Eu vivo mil histórias de mentira, histórias de abraços apertados, de músicas e gostos compartilhados. Histórias que se eu tivesse doze anos eu escreveria em meu diário. Mas não. Meu amor por você é mais ou menos assim, infantil, pois nada nele é de verdade. Ele é inteiro imaginado, como os mundos que criamos quando somos crianças.

Não, por favor não me abrace agora. Senta e me deixa falar. Por favor. É importante.

Sabe, eu não quero viver em mundos de mentira. Quero que tudo seja verdade e, se você quiser também, eu te ajudo a desfazer as malas. Mas faz tempo que você está aqui e nada disso é vivido.

Escuta que agora vem o mais importante. Sinceramente, quero que você fique. Mas fique sabendo que não há obrigação que as coisas dêem certo. Como um texto ou um filme, o fim pode ser ruim. Mas nem por isso temos que odiar todo o resto. Sempre ficam trechos interessantes, bonitos a serem lembrados. Por isso, se quiser ficar fique. Pode dar errado no final. Mas de que importa? Pelo menos teremos vivido de verdade.

Não, ainda não é hora de você me abraçar. Não me abrace sem saber se vai ficar.

Sabe, parece que você tomou espaço de mais aqui dentro e me impede de ver o que existe nas janelas. Toda vez que você chega, as cortinas fecham e eu não consigo mais enxergar nada além de você. Por favor. Preciso enxergar as janelas, entende? Preciso deixar de lado minhas ilusões ridículas, entende?

A não ser que você queira tentar viver. Por isso fiz suas malas.

Me da licença. Se sair, deixe sua chave em cima da mesa. Vou fazer um café.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Lamúrias



Essa é a semana do meu aniversário e a cada ano é mais estranho ter essa data por perto. Costumava, quando mais nova, planejar minha festinha com meses de antecedência. Uma vez até fiz uma super festa com o tema de Halloween no restaurante que era do meu pai e chamei todos os amigos da escola e do prédio. Lembro de ter passados por momentos ruins naquele ano e lembro de ter ficado muito feliz com a minha festa. Completava oito anos.


Não é que hoje eu goste menos de aniversário. Mas acho estanho. Não é mais tão simples. Eu me sinto mais velha que meus vinte e três anos. O mundo parece mais cansativo, eu pareço mais seletiva e exigente. Eu tinha mil planos quando eu tinha oito anos. E agora vejo o tempo que havia planejado se aproximando sem nem ao menos eu ter chegado perto de tudo o que eu queria há quinze anos atrás. Era mais simples, mais fácil e melhor quando uma festinha de aniversário era capaz de arrumar um ano ruim.

Não é que meu ano tenha sido ruim, pelo contrário. Mas hoje percebo que não é fácil crescer e que a ilusão da infância era capaz de curar todas as dores e todos os amores. A garotinha de óculos de lentes largas e pernas finas se enchia de alegria por ter seus amigos perto cantando parabéns. E esta alegria se estendia e se renovava em cada tarde de brincadeiras e risadas. A amarelinha desenhada no chão da escola, o elástico no pátio do prédio e o jogo “mãe da rua” enquanto esperava alguém me buscar na aula.

E talvez hoje eu esteja me lamuriando dos problemas de se fazer aniversário movida apenas por um fim de inferno astral. Ou talvez seja só um saudosismo de uma infância bem vivida. Mas a única certeza é que já foi mais fácil envelhecer. Era mais fácil crescer enquanto existia a ilusão de que viver não doía. Era mais fácil acreditar que o próximo ano seria diferente. Era mais fácil.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Um samba

Eu queria um samba feito só para mim. Um samba daqueles tristes, pois estes são os mais bonitos. Daqueles que enche o peito da gente toda vez que a gente escuta. Um samba que fale sobre um amor não correspondido, de uma briga ou mesmo de uma separação. Um samba que peça perdão e prometa levar flores no café da manhã. Ou que peça pra voltar. Um samba cheio de saudade de momentos que nunca irão existir. Um samba triste que encha os olhos d’água e que arrepie os pelos do braço. Um samba gostoso de dançar de dois, de rosto colado. Mas, que de tão bonito, talvez a vontade seja ficar parado de olhos fechados só pra poder prestar atenção em cada estrofe e cada acorde. Um samba pra perdoar. Um samba tão bonito que seja único. Um samba que de tão bonito dê vontade de escrever sua letra na parede da sala para nunca esquecer de uma só palavra. Um samba tocado com flauta, cavaquinho e violão. Um samba que fale de amor. Um samba meu, um samba feito só pra mim.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Os textos bonitos escritos com giz



Há algum tempo eu tranquei a porta de uma sala vazia. Eu a havia esvaziado fazia algum tempo e de repente achei que era melhor deixar assim. Peguei a chave e guardei em uma caixinha preta. Na tampa da caixinha preta havia desenhada uma caveira branca. Uma caveira igual àquelas que eu via nas garrafas de veneno nos desenhos animados de quando era criança. Para quem olhasse a caixinha soubesse do perigo que havia ali dentro.

Pode parecer estranho uma sala vazia ser perigosa. Mas eu conto agora que aquela sala vazia não era tão vazia assim. Ela não tinha sofás, camas ou armários. Não tinha quadro algum ou fotografia alguma na parede. Não havia ninguém, nem uma viva alma. Mas havia muitas coisas que ainda estavam vivas naquela sala. Ela estava lotada de lembranças e sentimentos. Era uma sala minha, só minha, que eu não queria que ninguém mais entrasse. Eu juro que não queria.

E por isso, numa tarde dessas, fui até a minha praia predileta. Senti o sol esquentar minha pele e a areia fazer cócegas nos meus pés. Senti o cheiro do mar e os seus carinhos em minhas pernas quando cheguei bem perto das suas ondas. E lá joguei fora a caixinha preta, com a caveira na tampa e a chave dentro. Joguei com força para que ela fosse parar lá no fundo do mar.

Eu juro que não queria que mais ninguém entrasse. Que ninguém mais visse minhas pinturas tristes e azuis no chão, os trechos prediletos das minhas músicas prediletas rabiscadas no teto e muito menos meus textos bonitos escritos com giz colorido nas paredes.

Mas depois de tanto tempo fechada, sem ninguém entrar, as pinturas tristes e azuis no chão desbotaram e hoje têm cor cinza. Eu nem mais me lembro por que aqueles trechos eram meus trechos prediletos daquelas minhas músicas prediletas. E os textos bonitos escritos com giz nas paredes não fazem mais sentido, a cor desbotou e eles ficaram brancos. As lembranças e sentimentos que enchiam a sala por serem vivos de mais, não chegaram a morrer, mas certamente pararam de gritar. De girar e correr e dançar a ponto de me confundir. E o que parece, sem me precipitar, é que o perigo passou.

A sala hoje poderia ser aberta, alguém poderia entrar e eu poderia pintar novas tristezas no chão, dessa vez talvez usaria o roxo e não o azul. Eu poderia escolher novos trechos prediletos de novas músicas prediletas para rabiscar no teto. E eu poderia escrever novos textos bonitos nas paredes e, quem sabe para durar mais, eu usaria tinta guache.

O único problema é que a caixinha com a chave está lá no fundo do mar. Ou, se saiu de lá, ainda não voltou para as minhas mãos. E hoje eu só tenho um pedido a fazer. Pedir que, caso alguém ache a minha caixinha preta, com a caveira na tampa e com a chave dentro... Poderia, por gentileza, trazer de volta para mim?

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

A menina de muitos olhos

Dia desses no parque
Vi uma moça de raro encanto.
Tinha tantos, tantos olhos
Que, confesso, fiquei meio tonto.

A sua beleza não era pouca
(Aliás, que tremenda gatinha!),
Quando notei minha boca,
Engatamos uma conversinha.

Falamos sobre ecologia,
Sobre suas aulas de poesia,
Sobre os óculos que usaria
Se um dia tivesse miopia.

Mas, de tudo, o que eu mais adoro
É seu olhar diversificado.
Se entretanto ela cai no choro,
Não tem quem não fique molhado.

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Texto do livro O Triste Fim do Pequeno Menino Ostra E Outras Histórias do Tim Burton

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

O que eu gostaria de lhe dizer

Cartas, e-mails, textos... Tem seu romantismo, não? Eu acho! Adoro ler, porém o talento para escrever acredito que não tenha chegado até mim. Acontece! Por isso tenho tanta admiração por aqueles que conseguem transcrever tudo o que pensam em letras, palavras, frases... E com vontade de lhe escrever uma carta está este texto.

Eu queria lhe contar que vivo em dois mundos: um real e outro imaginário. O primeiro é tudo o que eu faço realmente e o que vivo de verdade. O segundo é um mar de vidas e vontades, que muitas delas muito provavelmente jamais se tornem reais. E neste mar de vidas, algumas vezes você aparece.

Além das palavras, admiro o romantismo. Sou uma romântica inveterada. Situações platônicas e surreais são as minhas favoritas. Situações estas que no meu mundo imaginário são mais reais que a minha própria vida. Mas confesso agora que não convivo bem com estas tais paixões. A verdade deste tipo de paixão é que deveriam ser mantidas apenas no imaginário, com a consciência de que elas não deveriam nunca vir à realidade. Como disse antes, não convivo bem com esta idéia.

E no auge da minha incoerência, gostaria de tornar tudo uma coisa só. Minhas paixões platônicas, meu mundo imaginário e meu mundo real. Se fosse possível eu teria você. E acredito que esta seria a melhor parte.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Mas sentimentos são água de um instante. Como a mesma água já é outra quando o sol a deixa muito leve, e já outra quando se enerva tentando morder uma pedra, e outra ainda no pé de quem mergulha.


Trecho de A Legião Estrangeira de Clarice Lispector

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Sobre medo e solidão

E no começo da noite, eu coloco o filme no dvd, aquele que aluguei no fim de semana, mas não quis assistir. Em seguida desço até a cozinha para pegar a cerveja que comprei no fim de semana, mas também não quis beber. Volto para a sala, ajeito as configurações de legenda e começo o filme. Mas de repente me dá uma vontade de sentar no balcão perto da janela, como fazia quando era criança e tinha medo de ficar sozinha. Parecia que as pessoas na rua eram tão sozinhas como eu e, de certa forma, me faziam companhia. Hoje quis olhar pela janela talvez para tentar descobrir o que sentia ou talvez só para lembrar um pouco da infância e me deixar levar pelo saudosismo.

A verdade é que tenho passado vários momentos em que só a minha companhia me basta. Um bom filme e uma cerveja gelada e é como se eu estivesse completa. E olho pela janela e as pessoas na rua sozinhas ainda me fazem uma certa companhia, porém distante. E nesta distância de muito além de dezesseis andares aquele medo que eu tinha quando era criança fica tão claro, mas ao mesmo tempo tão diferente. O medo da solidão da infância dá lugar ao medo de me sentir tão plena sem ninguém ao meu lado. Um medo de talvez não saber mais ter uma companhia para dividir o filme e a cerveja. Aquele medo de alguns anos não é mais um medo da solidão. E sim de gostar de mais dela.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Eu te amo e é de graça


Não, meu amor nunca custou um centavo. Mas muitas vezes eu posso dizer por que amo ou quando comecei a amar. E dizer que te amo de graça é dizer que não tenho claros os motivos pra te amar. Amo simplesmente pelo fato de amar.

Eu te amo de graça, por coisa alguma.

Não sei se foi nas cervejas tomadas, nas risadas sem fim, nas confissões trocadas, nas músicas que dançamos ou se foi no cachorro quente de madrugada. Nos recados trocados, nos sorrisos de cumplicidade, nos olhares que não precisam de legenda ou nas coisas que discordamos.

Não sei se foi nas ajudas prestadas, nas broncas dadas, nos abraços de tristeza ou se foi na ressaca no dia seguinte. Nos atrasos, nos furos, nas loucuras compartilhadas, nos shows que assistimos ou nos cafés tomados.

A verdade é que eu te amo e é de graça, por graça, por coisa alguma e por tudo.

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Para elas, meus amores, minhas amigas.


terça-feira, 18 de agosto de 2009

Apenas o Fim

Hoje fui ao cinema. Sozinha. Gosto de ir ao cinema sozinha. Fui assistir um filme do qual ouvi falar muito: Apenas o Fim. Filme brasileiro, simples, muito bem escrito, com uma fotografia bonita. Fala de um casal que está terminando um relacionamento e que irão passar sua última hora juntos. Simples, bonito e que até me fez chorar.

Durante e depois do filme pensei muito sobre o fim das coisas. O fim de relacionamentos mais especificamente. E o que eu realmente pensei foi na simplicidade de um fim. As coisas acabam! Ponto! Não necessariamente isso é triste. Não penso dessa maneira. O filme fala que o fim é o começo do resto, do que vem pela frente. E por que isso seria triste? Entre o começo e o fim existem certamente momentos a serem lembrados. Muitas vezes não começamos algo por medo do fim. Mas a gente se esquece que o fim também pode ser doce.

Em seguida então veio outra reflexão, sobre a intensidade que devemos viver. Tenho uma amiga que recentemente escreveu em seu blog sobre o mundo estar aí para ser descoberto. Eu não poderia concordar mais! Se apaixonar, se entregar, dizer em alto e bom som o que se pensa... Viver! Sem ter medo do fim, pois o fim é um simples recomeço.

Portanto, para fechar esse texto eu recomendo o filme. E desejo a quem quer que seja fins, para que exista a chance de recomeçar!
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http://www.apenasofimfilme.com.br/
http://salamuda.blogspot.com/