segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Lamúrias



Essa é a semana do meu aniversário e a cada ano é mais estranho ter essa data por perto. Costumava, quando mais nova, planejar minha festinha com meses de antecedência. Uma vez até fiz uma super festa com o tema de Halloween no restaurante que era do meu pai e chamei todos os amigos da escola e do prédio. Lembro de ter passados por momentos ruins naquele ano e lembro de ter ficado muito feliz com a minha festa. Completava oito anos.


Não é que hoje eu goste menos de aniversário. Mas acho estanho. Não é mais tão simples. Eu me sinto mais velha que meus vinte e três anos. O mundo parece mais cansativo, eu pareço mais seletiva e exigente. Eu tinha mil planos quando eu tinha oito anos. E agora vejo o tempo que havia planejado se aproximando sem nem ao menos eu ter chegado perto de tudo o que eu queria há quinze anos atrás. Era mais simples, mais fácil e melhor quando uma festinha de aniversário era capaz de arrumar um ano ruim.

Não é que meu ano tenha sido ruim, pelo contrário. Mas hoje percebo que não é fácil crescer e que a ilusão da infância era capaz de curar todas as dores e todos os amores. A garotinha de óculos de lentes largas e pernas finas se enchia de alegria por ter seus amigos perto cantando parabéns. E esta alegria se estendia e se renovava em cada tarde de brincadeiras e risadas. A amarelinha desenhada no chão da escola, o elástico no pátio do prédio e o jogo “mãe da rua” enquanto esperava alguém me buscar na aula.

E talvez hoje eu esteja me lamuriando dos problemas de se fazer aniversário movida apenas por um fim de inferno astral. Ou talvez seja só um saudosismo de uma infância bem vivida. Mas a única certeza é que já foi mais fácil envelhecer. Era mais fácil crescer enquanto existia a ilusão de que viver não doía. Era mais fácil acreditar que o próximo ano seria diferente. Era mais fácil.

Um comentário:

  1. Jana, eu achava que odiava meu aniversário. Não, odiava é muito pesado; que não gostava. Mas, sabe que depois de ler o teu texto, acho que é isso que eu sinto... Desilução de que viver dói (inclusive nos joelhos.
    Excelente texto.

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