terça-feira, 1 de setembro de 2009

Sobre medo e solidão

E no começo da noite, eu coloco o filme no dvd, aquele que aluguei no fim de semana, mas não quis assistir. Em seguida desço até a cozinha para pegar a cerveja que comprei no fim de semana, mas também não quis beber. Volto para a sala, ajeito as configurações de legenda e começo o filme. Mas de repente me dá uma vontade de sentar no balcão perto da janela, como fazia quando era criança e tinha medo de ficar sozinha. Parecia que as pessoas na rua eram tão sozinhas como eu e, de certa forma, me faziam companhia. Hoje quis olhar pela janela talvez para tentar descobrir o que sentia ou talvez só para lembrar um pouco da infância e me deixar levar pelo saudosismo.

A verdade é que tenho passado vários momentos em que só a minha companhia me basta. Um bom filme e uma cerveja gelada e é como se eu estivesse completa. E olho pela janela e as pessoas na rua sozinhas ainda me fazem uma certa companhia, porém distante. E nesta distância de muito além de dezesseis andares aquele medo que eu tinha quando era criança fica tão claro, mas ao mesmo tempo tão diferente. O medo da solidão da infância dá lugar ao medo de me sentir tão plena sem ninguém ao meu lado. Um medo de talvez não saber mais ter uma companhia para dividir o filme e a cerveja. Aquele medo de alguns anos não é mais um medo da solidão. E sim de gostar de mais dela.

Um comentário:

  1. A solidão parecia acalmá-la, o silêncio regulava sua respiração. Ela adormecia dentro de si

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