Nunca fui muito boa em admitir fraquezas e desistir das
coisas. Tenho um lado orgulhoso que é um pouco tenebroso. Aquele tipo de coisa
que devemos vigiar. Todos temos algo a ser vigiado. O meu é isso, o orgulho.
Admitir que perdi algo é sempre muito doloroso.
Talvez seja este sentimento que tenha que lidar neste
momento. A perda. Talvez seja pior por acreditar que ainda existe algo a
ser vivido. Ou crer que não experimentei algo tão verdadeiro quanto o
sentimento que hoje insiste em se fazer presente. Insiste mesmo, com uma intensidade
que tem sido complexa de lidar. Complexa como nunca.
Tem dias que tudo passa bem e que mal lembro da existência
desde tal sentimento. Mas tem outros que parece que tudo pula dentro do peito e
fica muito difícil segurar as lágrimas da saudade.
Ainda não sei dizer se é um orgulho ferido misturado com a dor de não ter
o que fazer a respeito ou se é um desses amores que vão demorar pra ir embora.
A única certeza que eu tenho é que dói.
Isso pode parecer um contrassenso com que já escrevi antes,
mas não é bem isso. A tristeza se faz presente, mas a vida não para por nenhum
segundo. E em nenhum momento esta vida deixou de me apresentar todas as belezas
que a permeiam. Mas a dor está aí para que eu aprenda a lidar.
É como um dedo do pé machucado. Enquanto estamos sentamos
está tudo bem, mas ao dar o primeiro passo a dor está lá. Presente. Você não
vai deixar de andar, mas terá que lidar com aquela pequena dor crônica que pode
demorar, mas uma hora há de passar.
E é isso que me digo todos os dias, que se realmente é esse
o fim da história, essa dor vai parar de doer. Alguma hora vai. Tenho certeza.
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